Katharina, nascida em 29 de Janeiro de 1499, era uma das muitas meninas que, na época, foram colocadas em monastérios. As famílias nobres, muitas vezes, tinham poucos recursos para dar educação e, mais tarde, um enxoval para suas filhas. Além disso, era bom ter alguém da família num monastério, para orar pela família. Assim, Katharina, em 1509, aos 10 anos, foi deixada com as freiras do monastério de Nimbschen, onde a sua tia era Superiora.
Katharina acostumou-se a viver nos horários rígidos do monastério. Além de aprender as matérias básicas, dadas na escola do monastério, ela ganhou conhecimentos e experiência em muitas áreas: culinária, cuidados com a horta e o jardim, enfermagem, costura, artesanato e música.
A partir de 1517, começaram a circular no monastério os escritos de Martim Lutero com as críticas sobre os escândalos na Igreja. Nove freiras jovens leram, às escondidas, o que Lutero escreveu e resolveram, em 1523, fugir do monastério. Katharina era uma delas.
Após um período, Lutero arrumou um nobre para se casar com Katharina, o qual ela também se apaixonara, mas a família do jovem não aceitou o casamento. Lutero arrumou então outro pretendente, mas aí Katharina se recusou a casar com ele.
Foi aí que a corajosa Katharina disse a Lutero: “ Só caso se for com o Senhor.
Muitos desaprovaram o matrimônio, pois acreditavam que um homem como Lutero, que cujo coração tremia e temia por conquistar um Deus misericordioso, bem como se preocupava tanto com a eternidade e um homem que disse que jamais se casaria, poderia aceitar tal proposta. Mas no dia 13 de junho de 1525 Martin Lutero casou-se com Kathatina Von Bora, numa cerimônia simples. Ele tinha 42 anos e ela 22. O Duque, na ocasião, cedeu o abandonado monastério dos Augustinos ao jovem casal, para morar lá.
Graças aos conhecimentos e a disciplina de Katharina – que levantava às 4 horas de manhã – Katharina conseguiu conciliar as múltiplas tarefas da esposa de Lutero. Ela era a conselheira de Lutero, a mãe de cinco filhos, a administradora da grande casa com várias empregadas, a chefe de cozinha e a pessoa que cuidava da horta e dos animais domésticos. O monastério, aos poucos, ficou em boas condições. Ao redor do monastério, cresciam frutas e verduras e as estalagens abrigavam cavalos, vacas, porcos e galinhas. Katharina também aproveitou o antigo direito do monastério de fazer sua própria cerveja.
A família de Lutero não era pequena. Além dos 5 filhos, estava lá uma tia de Katharina, alguns jovens órfãos (familiares de Lutero), o empregado aleijado de Lutero e alguns estudantes pobres da Universidade, que moravam nas celas do monastério. Muitas vezes, Lutero trazia para o almoço mais gente, ou por necessidades, ou por serem amigos.
Assim, não faltaram provas da fé em Deus porque, muitas vezes, a comida ou o dinheiro eram escassos.
De manhã, ao meio dia e de noite, havia leitura da Bíblia e cantavam-se hinos, muitas vezes escritos pelo próprio Lutero.
Katharina conseguiu cuidar de tudo. Ela era uma obediente e sábia auxiliar de Lutero. Ele amava e respeitava muito a sua companheira, dizendo do seu matrimônio o seguinte: “Não existe coisa melhor do que a união entre marido e esposa e não há coisa mais amarga do que a separação de um casal. Essa separação deve ser tão amarga como a morte de filhos. Eu sei como isso dói, porque experimentei a dor da separação, quando morreram minhas duas filhas.”
Certa vez Lutero estava bastante deprimido, não se alimentava e passava os dias trancado no seu quarto. Estava tomado por dúvidas sobre se o que fazia era ou não vontade de Deus. Katharina vestiu-se de preto e foi visitá-lo. Lutero levou um grande susto e logo pensou se alguém havia morrido. Katharina respondeu: Parece que Deus morreu! A reação de Lutero foi sair imediatamente do quarto e agradecer a esposa que o tirou da depressão.
Obra de Katharina, intitulada “Rosa de Lutero” feita em bordado, que conhecemos muito bem, tem como fundo um coração vermelho, sobre o coração uma cruz preta que representa a cruz de Cristo é também a provação que atrave-ssamos na vida.
A cruz está colocada sobre uma rosa branca que representa a paz e a alegria que Jesus nos dá. Ainda fazem parte o azul, representando o céu e um círculo dourado representando o momento do acolhimento de Deus no paraíso. Esta “Rosa de Lutero”, sintetiza o pensamento central do movimento da reforma.
Isto tudo, quer nos mostrar a fé e a coragem dessa grande mulher. A determinação de uma mulher chamada Katharina Von Bora, muitas vezes não lembrada, mas que com toda certeza, teve uma valiosa contribuição no movimento da Reforma, grande grito libertador, iniciado por Martin Lutero em 31 de outubro de 1517.
Lutero faleceu em 1546, Katharina, 6 anos mais tarde. Sofreu um acidente, quando tombou a carruagem em que fugia da peste negra que reinava em Wittenberg e veio a falecer em consequência desse acidente.