Vivemos em um mundo rodeado de tarefas, o tempo todo estamos em total movimento e em um “grande ciclo vicioso”, pode parece uma exagero de minha parte dizer isso, mas basta tirarmos alguns minutos para refletirmos sobre, que logo chegaremos a essa conclusão, isso claro, se tivermos um tempo pra refletir.
Bem, falar sobre tempo é uma coisa muito vasta e também muito abrangente, entraria em um conceito de o que é tempo, espaço e outros, enfim, mas não é esse o foco aqui. Na verdade queria tentar concentrar nossos pensamentos na falta de tempo, ou até mesmo na falta de percepção pra isso. Vivemos extremamente atarefados e com uma vida muito corrida, vivemos de uma maneira que quase não temos tempo pra “viver”, poderia entrar aqui no conceito de que o que é viver, mas isso também não é o foco aqui. Temos tempo pra tudo nessa vida, vivemos em uma grande rotina, seja ela profissional, escolar, pessoal ou até mesmo todas elas juntas.
Não é meu objetivo tentar avaliar a vida de cada um, seria muita presunção de minha parte, mas gostaria de levantar uma questão de suma importância para a vida do cristão: “Você tem tempo pra orar?”.
Uma pergunta simples, mas que pode ser analisada com uma tamanha profundeza a luz das Escrituras Sagradas. Poderíamos fazer uma série de questionamentos para trazer à mente a situação de nossa vida de oração: sabemos o que é oração, temos orado, temos dedicado um tempo do nosso dia a Deus, pelo que oramos pra que oramos, por que oramos, enfim, acredito que somente com essas questões podemos iniciar nosso “tempo” a pensar nisso.
Podemos começar definindo que a oração é um meio de graça no qual temos um relacionamento direto com o Pai, com o Deus vivo que nos ouve e sabe de todas as coisas. Ninguém tem um relacionamento com alguém sem uma “intimidade”, sem conversar, sem declarações. Não há outra forma de se relacionar com Deus há não ser que pela oração. Tomemos como exemplo a partir das escrituras, pois ela sempre será nossa fonte infalível de fé e pratica divinamente inspirada por Deus, conforme 2Tm 3:16-17. No antigo testamento temos dezenas de exemplos de homens de Deus que oravam sem cessar, tais como Daniel, Elias, Moisés, Jeremias e outros que tiveram uma intimidade muito apurada com Deus através da oração. Se partimos de um exemplo “vivo e terno” no novo testamento, veremos que Jesus orava muito durante seus dias e nesse mesmo princípio ensinou há seus discípulos que deveriam fazer o mesmo. No Getsêmani Jesus orou de tal maneira que se conseguíssemos sentir a tal intensidade isso poderia (ou deveria) nos levar as lágrimas, como relatou Marcos 14 e Mateus 26. O próprio Deus encarnado como homem orava, ele constantemente buscava intimidade com o Pai de todas as coisas, mas Ele era o Deus vivo, e orava; imagina nós, meros pecadores justificados em Cristo pela misericórdia de Deus, por que não oramos?
Jesus além de orar muito, ensinou a seus discípulos a como orar. Deixou claro que é uma dever de todos e é mais essencial que o ar que respiramos, orar na vida do cristão não deveria ser uma situação secundária, tipo se der tempo e sim uma questão vital.
Tentarei explanar um pouco sobre a maneira que Cristo deixou aos discípulos de como fazer, pelo que fazer e pra que fazer. Sobre isso tomaremos como base parte do capítulo 06 de Mateus.
O contexto deste capítulo, Jesus ensina a seus discípulos alguns modos de práticas cristãs, onde são elas a oração, jejum e caridade, que se resume em ajudar ao próximo.
A partir do versículo 5, Jesus exorta os fariseus sobre as práticas de oração em publico, dos quais os mesmos gostavam de se exibir, se mostrando espirituais com o intuito de serem “engradecidos” como “homens de Deus”. Jesus não condena de maneira alguma a oração em público, mas sim o exibicionismo, a falsa espiritualidade e principalmente a busca por glória própria.
De maneira muito sábia, Jesus além de repreender a falsa espiritualidade, ele ainda ensina com amor a maneira que agrada a Deus na oração, conforme o versículo 6.
Mas tu, quando orares, entra no teu aposento e, fechando a tua porta, ora a teu Pai que está em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará publicamente.
Orar no quarto e fechar a porta como apontado por Jesus é uma modo de separação, estar longe de distrações, estar em inteira sintonia e intimidade com Deus.
No versículo 7 Jesus continua exortando os pagãos e fariseus que acham que no muito falar e vãs repetições de palavras irá conseguir alcançar graça da parte de Deus. Temos em boa parte de outras religiões que indagam grandes repetições de “orações” e mantras, achando que estão “orando” ao Deus único, essa pratica só demonstra a falta da verdadeira espiritualidade, de um coração contrito que se abre ao Pai de modo verdadeiro e único, pois o próprio Deus na pessoa de Cristo nos disse claramente que antes mesmo de falarmos uma só palavra o Deus Eterno já sabe o que queremos dizer. Tal falácia pode ser encontrada até mesmo no meio cristão, nós mesmos podemos usar de “vãs palavras” como ficar pedindo coisas fúteis e repetidas ao Deus simplesmente para satisfazer nossas próprias vontades.
Seria essa a oração que agrada a Deus? Nada mais claro que um bom e alto sonoro, NÃO!
7 E, orando, não useis de vãs repetições, como os gentios, que pensam que por muito falarem serão ouvidos.
8 Não vos assemelheis, pois, a eles; porque vosso Pai sabe o que vos é necessário, antes de vós lho pedirdes.
Mateus 6:7-8
No livro de Tiago 4:3, vemos que: “Pedis, e não recebeis, por que pedir mal, para o seu próprio prazer e deleite.”.
Quando oramos, o que pedimos a Deus? Pedimos realmente o que precisamos ou que queremos? Pedimos coisas fúteis para o nosso bel prazer da carne e a todo o momento buscando justificativas para os nossos pedidos, ou seja, tentamos ainda justificar nosso egocentrismo de nossa futilidade.
Portanto, vós orareis assim: Pai nosso, que estás nos céus, santificado seja o teu nome;
Venha o teu reino, seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu;
Mateus 6:9,10
A partir do versículo 9, Jesus nos ensina um modo de oração para as coisas essenciais na vida, e tais coisas pode ser divididas em 02 partes com 03 pedidos em cada uma delas.
Na primeira parte da oração Jesus nos ensina que devemos pedir coisas essenciais a nossa vida cristã, relacionadas ao reino de Deus, vejamos a seguir:
Jesus começa falando em “Pai Nosso”, ou seja, que estamos nos dirigindo ao pai maior, ao pai que se encontra no céu, ao Rei Supremo que pode nos ouvir e nos dar todas as coisas. Seguindo o versículo, ele continua… “santificado seja o teu nome”, claramente vemos e sabemos que Deus é santo e sem a devida santidade não veremos a Deus, conforme Hebreus 12:4. Pedir a Deus que santifique o seu nome em nossas vidas é o primeiro pedido que devemos fazer a Deus segundo Jesus nos ensina, a santificação do nome de Deus deve abranger todas as áreas de nossas vidas para eu os demais “vejam” a glória de Deus em nossas ações, que a santidade que Cristo nos ensina seja clara e evidente em todo e qualquer modo de vida. Clamemos pela santificação de Deus em nossas vidas, pela força maior que vem somente Dele para que sejamos “santos” e todas nossas ações santificadas.
O segundo pedido é “…venha o teu reino”, quantas vezes oramos pedindo a Deus que o seu reino venha? Quantas vezes clamamos por sua graça e misericórdia abranda toda a terra e principalmente nossas vidas? Jesus nos ensina que devemos pedir para que o reino de Deus, estabelecido na eternidade e para eternidade venha em nossos dias, que volta gloriosa sobre a terra venha, clamemos MARANATA, ORA VEM SENHOR JESUS!
Concluindo a lista dos três pedidos a cerca do reino de Deus, é a continuação “…
“Pai nosso, que estás nos céus! Santificado seja o teu nome. Venha o teu Reino; seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu.”
…tua vontade, assim na terra como no céu.”
Chamo a atenção agora a uma análise da sua vida Deus em nossa vida?
Quando pedimos a Deus que Ele faça sua vontade em nossa vida, seja feita na oração e de um modo geral da vida cristã, temos realmente nos agraciados dos desígnios de estarmos pedindo com amor sincero ou por mero “cumprir tabela”?
“Se a vontade de Deus for ser glorificado em nossa vida em nossos sofrimentos e angústias, iremos louvá-lo da mesma maneira que na alegria ou iremos“ colocar Deus contra a parede e dizer: ”por que estou passando por isso”? Já pensou nisso?
Deus pode fazer de nossas vidas o que ele bem quisere entender, ELE É DEUS E NÓS NADA SOMOS ALEM DE SUAS CRIATURAS. Deus pode realizar a sua vontade da maneira que lhe agrada e não “ter que fazer” a nossa vontade?!
Sejamos gratos a Deus pelo simples fato de estarmos vivos no dia de hoje, e sim, render graças a Ele por toda e qualquer situação. Jesus nos mostra claramente que devemos sim, pedir que a vontade de Deus se cumpra em nossas vidas, seja ela qual for e de igual maneira seja ela no céu e na terra.
Nos versículos adiante veremos como Jesus nos ensina a orar por nossas necessidades básicas na vida, na segunda parte da oração.
“Dá-nos hoje o nosso pão de cada dia.” Mateus 6:11
O pão de cada dia é uma clara mensagem de dependência de Deus, da nossa total fragilidade e completa dependência do Pai Eterno. Jesus nos ensina a clamar pelo alimento de cada dia, pelo sustento que vem das mãos misericordiosas Dele. Da mesma maneira, podemos ilustrar isso como no deserto, quando o povo de Deus saiu do Egito e foi alimentado pelo maná, segundo Êxodo 16. O alimento no deserto era dado diariamente, assim para suprir dia-a-dia o povo de Deus. Do mesmo modo Jesus nos ensinou a pedir a Deus pelo sustento diário, dia após dia, tendo a ciência da nossa total dependência de Deus, lembremo-nos que Deus enviou o maior e melhor pão da vida, aquele que seria a maior satisfação em nós por toda a eternidade, há saber, o próprio Cristo.
“Perdoa as nossas dívidas, assim como perdoamos aos nossos devedores.” Mateus 6:12
Gostaria de uma atenção especial nesse versículo, pois veremos a complexa mensagem e até mesmo “dura” para a vida do cristão. Jesus nos ensina nesse modo de orar a pedir perdão pelas nossas falhas, ou seja, nossos pecados e dívidas e de um mesmo modo nos ensina também a perdoar aqueles que nos ofendem, ou seja, aqueles que nos ofenderam de alguma forma.
Iremos pular rapidamente aos versículos 14 e 15 desse mesmo texto para uma maior e correta compreensão da mensagem.
Porque, se perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai celestial vos perdoará a vós;
Se, porém, não perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai vos não perdoará as vossas ofensas.
Mateus 6:14,15
Jesus nos impõe claramente uma condição para o perdão dos pecados, “..se perdoarem as ofensas..”, ou seja, é inadmissível uma cristão ser perdoado por Deus, ser regenerado de modo gracioso e eficaz pelo Espirito Santo e não conseguir perdoar os que lhe ofendem. Isso não pode ser uma barreira aos que nasceram de novo, perdoar deve ser uma obrigação do cristão, pois fomos perdoados e de tal modo devemos perdoar. Não existe como guardar ressentimentos de uma pessoa que nos feriu se esse coração foi transformado, quando se é uma nova criatura, as coisas velhas se passaram, conforme 2 Coríntios 5:17.
Para ilustrar melhor esta expressão, Jesus conta uma parábola em resposta em Mateus 18:23-35, onde um credor é perdoado e em um momento próximo não perdoa o que lhe deve. Assim não deve ser o cristão, em resposta a Pedro no mesmo contexto Cristo ensina que devemos perdoar 70 vezes 7.
Finalizando com o terceiro pedido no modo de oração, vemos no versículo o seguinte: “
E não nos conduzas à tentação; mas livra-nos do mal; porque teu é o reino, e o poder, e a glória, para sempre. Amém.
Mateus 6:13
Cristo nos ensina a pedirmos proteção contra todo o mal e que nos livre das tentações. Vemos nas escrituras claramente que sofreremos provações e tentações e que a todo instante o diabo, nosso adversário, está pronto para “ roubar nossa fé”. Oremos a Deus para que Ele nos fortaleça nas lutas e nos livre de todas as tentações e situações que nos levem a pecar.
No livro de Tiago 1:13-15, ele nos alerta de nossos desejos e cobiças, vejamos:
Quem dentre vós é sábio e entendido? Mostre pelo seu bom trato as suas obras em mansidão de sabedoria.
Mas, se tendes amarga inveja, e sentimento faccioso em vosso coração, não vos glorieis, nem mintais contra a verdade.
Essa não é a sabedoria que vem do alto, mas é terrena, animal e diabólica.
Partimos do princípio de orar à Deus para nos livrar de todo o mal, como sugere o texto de Mateus que estamos tratando, mas devemos analisar a situação do homem dentro das escrituras, como sabemos, depravado e pecador por natureza. Tiago trata isso de uma maneira muito clara onde à cobiça, o desejo interno do seu coração da origem ao pecado. Marcos vem mostrar isso claramente no texto.
Porque do interior do coração dos homens saem os maus pensamentos, os adultérios, as fornicações, os homicídios,
Os furtos, a avareza, as maldades, o engano, a dissolução, a inveja, a blasfêmia, a soberba, a loucura.
Todos estes males procedem de dentro e contaminam o homem.
Marcos 7:21-23
Clamemos a Deus por um avivamento espiritual que nos fortaleça contra nossos desejos mais obscuros, que sejamos avivados a lutar contra nossa natureza pecaminosa e nos desvestir do velho homem. Que busquemos cada dia mais nossa nova maneira de viver e que sejamos diariamente alimentados pela força e pela graça gratuita que nos foi dada, através da mensagem nas Escrituras Sagradas, onde o Deus Vivo se revela e nos mostra a sua grandeza e imensidão de amor.
Que, quanto ao trato passado, vos despojeis do velho homem, que se corrompe pelas concupiscências do engano;
E vos renoveis no espírito da vossa mente;
E vos revistais do novo homem, que segundo Deus é criado em verdadeira justiça e santidade.
Efésios 4:22-24
Que possamos repensar no nosso modo de orar.
Revestido do novo homem, sendo cheios do Espirito Santo de Deus, e viver para sua Glória.
Soli Deo Gloria
Denilson Freitas
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